66 DIAS DE CONFINAMENTO: OS EFEITOS DA GRIPE ESPANHOLA NA CIDADE DE SÃO PAULO
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Ao longo dos 466 anos da cidade de São Paulo, diversas doenças tiveram grande impacto na população. A varíola, febre amarela, cólera, poliomielite, meningite e tuberculose são algumas delas. Porém, a que mais se aproximou com a pandemia que estamos vivendo no atual momento, causada pelo coronavírus, foi a gripe espanhola. No ano de 1918, a doença infectou 500 milhões de pessoas em todo mundo, contabilizando um quarto da população mundial da época.
A doença chegou ao país através dos navios, as cidades portuárias eram as primeiras a serem afetadas, como Recife, Salvador e Rio de Janeiro. A gripe espanhola chegou à capital paulista através de um jogador de futebol carioca, no meio de outubro daquele ano. O homem se dirigiu a cidade para uma partida, no entanto, alguns jogadores ficaram com febre e o jogo foi cancelado, mas, sem muita importância para o acontecimento. Depois disso, a doença se alastrou.
Situação da capital paulista
São Paulo era uma cidade em ascensão, em 1918 a população da cidade já passava de 500 mil, o progresso era constante e todos estavam muito focados no trabalho para acreditar nas notícias sobre a doença. Como consequência, a gripe se espalhou rapidamente, e a primeira morte aconteceu ainda em outubro.
Percebendo outros Estados do Brasil em colapso, com a imprensa cobrando providências, as autoridades paulistas decidiram que era hora da capital parar. No dia 1 de novembro daquele ano as mortes em São Paulo já passavam de 100. O Serviço Sanitário solicitou que a população não saísse mais de casa. Foram 66 dias de confinamento, com escolas, centros comerciais e transporte público - fechados.
As recomendações das autoridades eram para que as pessoas evitassem aglomerações, lavassem suas mãos com frequência e não fizessem muito contato físico, exatamente o que está sendo dito atualmente.
Toda ajuda é bem vinda
Os sintomas apresentados eram de uma gripe comum, porém, como era algo novo na época, a gripe espanhola não tinha uma cura. Então, os tratamentos eram, em sua maioria, intuitivos. Muitas pessoas morreram nessa espera, e a consequência disso foram os hospitais lotados. Nesse período delicado, a população tentava se ajudar na medida do possível. Os enterros também foram feitos de maneira isolada, como os que estão acontecendo agora com o coronavírus.
Algumas empresas enviavam ajuda financeira, escoteiros da cidade se organizavam em uma tropa especial para a entrega de remédios, clubes e associações cederam seu espaço para a construção de hospitais de emergência.
Enquanto isso, as mortes já tomavam conta das ruas, e os bondes foram usados como carros fúnebres. As funerárias da cidade entraram em uma crise por alta demanda, muitos coveiros morreram contaminados pelo vírus.
A recuperação
Diante de um de seus piores anos, a cidade de São Paulo teve em torno de 5.300 mortes registradas e mais de mil desaparecidos. Mesmo sem cura até hoje, a gripe espanhola foi enfraquecendo em dezembro de 1918 no Brasil, sendo tema de enredo do carnaval no ano seguinte.
Uma das explicações para o declínio da doença é a de que os médicos se tornaram mais eficazes no tratamento da pneumonia que ela causava, ou, que o vírus havia sofrido uma mutação rápida e começou a agir de maneira menos letal.
Teorias à parte, cerca de 250 mil pessoas morreram no Reino Unido, 400 mil na França e Alemanha, em Portugal foram 120 mil mortos. Nos Estados Unidos, entre 500 mil e 675 mil pessoas morreram por causa da gripe.
A cidade de São Paulo recuperou sua normalidade aos poucos, quando as fábricas voltaram a funcionar e o comércio e as foram escolas reabrindo. Mais de 100 anos depois, a população paulista está enfrentando novamente um momento de caos. As políticas de prevenção e contenção de vírus como esses mudaram pouco. Porém, com avanço da medicina, o que se espera é que a cidade não sofra tanto como em 1918, não foi o que houve.
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